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Toureio a Pé

Dinastias de matadores de toiros, com predominância para os espanhóis, apresentaram-se igualmente, no Campo Pequeno. "Gallos", Belmonte, Bienvenida, Manolete, Litri e Camino, entre os espanhóis, Armillas e Arruza entre os mexicanos, marcaram também lugar destacado nas preferências dos aficionados da capital, não só pelo que representam para a história  do toureio, como pelo valor que demonstraram nas suas actuações no Campo Pequeno.

"Gallos" e Sanchez Mejías são famílias centenárias de toureiros andaluzes, cujas árvores genealógicas se entrecruzam. O primeiro Gallo a actuar no Campo Pequeno foi Fernando Gomez, em 1893, ao passo que José Gomez Ortega "Gallito", ou "Joselito", o mais famoso da dinastia e por muitos apontado como o maior toureiro de todos os tempos, pisou esta arena, na qualidade de matador de toiros, a 10 de Outubro de 1917.

Um mês antes (14 de Setembro de 1917) estreara-se Juan Belmonte Garcia que, com "Joselito", discutia o primeiro posto entre os matadores. Seu filho e seu neto, respectivamente Juan Belmonte Campoy e Juan Cralos Beca Belmonte, actuaram também nesta praça.

Manuel Rodriguez "Manolete" ? pai - estreou-se em Lisboa  em 1917 e Manuel Rodriguez Sanchez "Manolete", a 29 de Junho de 1941, com o mexicano Carlos Arruza por alternante, dando nesta data início a uma competição que durou até à morte de "Manolete", ocorrida a 29 de Agosto de 1947, em Linares.

Particular carinho devotou o público de Lisboa aos Bienvenida, designadamente a Pepe, Manolo, António e Angel Luís. Manolo toureou no Campo Pequeno, a 15 de Maio de 1938, a última corrida da sua vida, já que viria a falecer, com 26 anos, a 31 de Agosto de 1938, em San Sebastían, vitimado por uma doença pulmonar. A 30 de Outubro desse ano, foi descerrada uma lápide em sua homenagem, nos corredores da praça do Campo Pequeno.

Já nos anos oitenta, desfilaram pelo redondel lisboeta Miguel Baez (El Litri), filho do matador do mesmo nome e Rafael Camino, filho de Paco Camino.

Outras figuras espanholas que se apresentaram em Lisboa foram Rafael Molina (Lagartijo), que se despediu do Campo Pequeno em 18 de Dezembro de 1892, Guerrita, que se estreou em 1893, Ignácio Sanchez Mejías (18 de Novembro de 1924), Marcial Lalanda (3 de Maio de 1925), Domingo Ortega (31 de Maio de 1931), entre outros.

Quanto a estreias de matadores mexicanos, a lista também é longa e inclui nomes como os de Rodolfo Gaona (27 de Junho de 1909), Fermin Espinosa "Armillita Chico" (22 de Julho de 1928), Alberto Balderas (1 de Outubro de 1930), José Gonzalez "Carnicerito de México" (24 de Maio de 1933), Luís Castro "El Soldado" (22 de Abril de 1934), Gregório Garcia (20 de Junho de 1943), Carlos Arruza e seu irmão Manuel, ainda novilheiros (21 de Maio de 1931), Manolo Arruza (4 de Julho de 1974) e Eloy Cavazos, em Agosto de 1981. Estes terão sido os mexicanos que mais impressionaram os lisboetas.

Registe-se ainda a estreia da chilena de nascimento, mas portuguesa por matrimónio, Conchita Cíntron Castello Branco, discípula do cavaleiro D. Ruy da Câmara, que lidava a pé e a cavalo, em 6 de Setembro de 1944.

Aos matadores, novilheiros e bandarilheiros portugueses sempre o público de Lisboa devotou um carinho especial. Ficaram célebres as corridas em que se despediram Manuel dos Santos (18 de Outubro de 1953), que toureou pela última vez nesta praça numa festival de beneficência a 20 de Setembro de 1972, Diamantino Vizeu (24 de Agosto de 1972), António dos Santos, Armando Soares e Mário Coelho, este em 20 de Setembro de 1990.